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Governo Collor seguiu cubano ligado ao PT
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RUBENS VALENTE
LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA
Documentos do serviço de inteligência do governo Fernando Collor (1990-1992) revelam que o cubano Sergio Cervantes Padilla, conhecido da cúpula do PT e descrito como "conselheiro político" da Embaixada de Cuba no Brasil, foi seguido e fotografado pelos arapongas nos anos 90.
Os documentos integram um conjunto de 30 mil relatórios liberados anteontem pelo Arquivo Nacional.
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Os arapongas do governo Collor mapearam as relações de Padilla com líderes petistas, incluindo Lula, com quem ele teria jantado em São Bernardo do Campo (SP), e José Dirceu. Em outubro de 1991, Padilla teria passado dez dias hospedado com a família no apartamento de uma assessora de Dirceu, então deputado estadual. Na ocasião, o cubano foi fotografado pelos agentes da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), a sucessora do Serviço Nacional de Informações.
Padilla ficou conhecido em 2005 quando a revista "Veja" o apontou como ligado a uma suposta doação de US$ 3 milhões do governo cubano à campanha de Lula em 2002. A doação --contestada pelo PT-- nunca foi comprovada.
No início da década de 90, Padilla tinha encontros frequentes com a cúpula do PT.
José Dirceu informou, por meio da assessoria, que Padilla é "um velho conhecido da esquerda brasileira" e que foi apresentado a ele quando viveu em Cuba, nos anos 60.
O ex-ministro disse que o acompanhamento da SAE foi "indevido", pois Padilla era vinculado ao serviço diplomático. A assessoria de Lula não foi localizada ontem.
Além da cúpula petista, Padilla procurava outros grupos. Em março de 1990, a SAE registrou que ele conversou com o historiador Valério Arcary, então na organização Convergência Socialista (que foi expulsa do PT em 1992), sobre índices sociais de Cuba.
Arcary disse que é "um escândalo" ter sido monitorado num regime democrático, mas que não falou "nada que não pudesse ser dito em público": "Ele estava preocupado com o isolamento de Cuba e procurava acompanhar a esquerda brasileira".
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